Queda na economia preocupa após a Copa

12/06/2014 | « Voltar

Queda na economia preocupa após a Copa
 
Entre os meses de junho e julho, o Brasil deve "parar" ou pelo menos caminhar a passos mais lentos devido a Copa do Mundo. Com o clima de festa, principalmente se a seleção brasileira chegar à final do campeonato, diversos setores econômicos como turismo, serviços e atendimento serão impulsionados, porém, após o dia 13 de julho, quando acontece a decisão, a realidade é outra para o setor empresarial.
 
Milton Rui Jaworski, diretor da Jaworski Consultoria, conta que para compreender o cenário econômico atual e pós Copa, “devemos analisar as seguintes variáveis: Inflação – Taxa de juros – Produção industrial – Nível de emprego – Renda”. “Se esses indicadores forem positivos o resultado é um desenvolvimento acelerado. Observe esses índices nos países em expansão. Como todos esses indicadores estão piorando aqui no Brasil, temos um quadro geral de insegurança e insatisfação”, observa.
 
Pesquisas mostram que a inflação dos alimentos (IPC-C1), por exemplo, que afeta os consumidores da chamada “nova classe média” registrou 13,94% acumulado anual, contra 6,0% que é a meta do governo. "A taxa de juros brasileira é de elevados 11%, com intuito de frear a econômica, tornando o crédito cada vez mais caro e mais seletivo", diz.
Segundo a FIESP, a atividade da indústria de São Paulo, maior capital do país, registrou queda de 8% nos quatro primeiros meses de 2014, na comparação com o mesmo período do ano passado. O nível de emprego apresentou uma ligeira queda, na média. De acordo com o analista, uma perda considerável. "A renda média cresceu 3,34% nos últimos 12 meses, para uma inflação variando de 6% a 14%, dependendo da classe social. Portanto temos uma perda efetiva de renda".
 
Outra pesquisa, desta vez da PewResearch Center, divulgada dia 03 de junho, registrou que 72% dos brasileiros estão insatisfeitos com o quadro geral no Brasil. Em um ano, os que consideram que a economia vai mal, subiu de 41% para 67%. O aumento de preços é apontado como um “problema muito grande” por 85% dos entrevistados.
 
Com menos dias úteis durante a Copa, a situação se complica e a proximidade das eleições preocupa. "A expectativa de eleições em outubro, precedida de campanha e provavelmente um segundo turno, afetam diretamente aquelas empresas vinculadas aos diversos níveis de governo e indiretamente todas as demais, pela incerteza das novas diretrizes. Isso faz com que reorientações e investimentos sejam postergados", analisa.
 
No meio de todos estes números estão os empresários, que precisam estar atentosa forma de conduzir as suas empresas para que elas passem por esse período de turbulências. Mas muitos ignoram essas mudanças de cenário. "É muito comum empresários subestimarem cenários desfavoráveis, iludindo-se com a expectativa de uma correção natural, tipo: isso é passageiro, logo volta ao normal. Não, não volta ao normal. O cenário mudou, o empresário tem que mudar a sua atitude, ou será o primeiro a ser eliminado", alerta Milton.
 
Os primeiros setores a serem atingidos são os de bens duráveis, como automóveis e linha branca, seguidos do setor têxtil e calçados até atingir a mesa e a higiene dos consumidores. Nesse último grupo ainda temos o efeito substituição dos produtos de primeira linha para os produtos de segunda linha. "Independentemente dos segmentos de empresas que a retração alcance, os mais fracos, ou menos preparados, serão atingidos primeiro", comenta.
 
Para ele, priorizar a viabilidade econômica da empresa através da manutenção do lucro operacional, uma vez que sem lucro não existe empresa, deve ser o foco, como explica o analista. "A lucratividade é obtida através do ajuste das vendas em relação aos custos ou dos custos em relação as vendas. “Esses ajustes não devem ser decididos de forma impulsiva e intempestiva.Devem ser fruto de um diagnóstico administrativo, financeiro e operacional que identificará as áreas com melhor resposta, as melhores combinações operacionais e patrimoniais e as orientações estratégicas para os melhores resultados", conclui Jaworski.

 

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